É com extremo pesar que o GADvS — Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero, associação civil sem fins lucrativos, que tem como missão o ativismo por intermédio do Direito para garantia dos direitos fundamentais da população LGBTI e o enfrentamento aguerrido da homofobia e da transfobia, bem como o SEMEAR Diversidade, recebem a notícia do brutal assassinado da socióloga e vereadora carioca Marielle Franco (PSOL/RJ) e exigem imediata e rigorosa apuração e punição dos envolvidos.

Eleita por mais de 46 mil votos, Marielle foi a quinta vereadora mais votada na cidade do Rio de Janeiro em 2016. Seu mandato era sinônimo de sua luta enquanto mulher, negra, lésbica e periférica. Era presidente da Comissão da Mulher na Câmara e dialogava com as comunidades para atender as demandas referentes não apenas à diversidade de gênero, mas às diversas pautas da coletividade e dos direitos humanos. Historicamente engajada na luta contra a truculência e arbitrariedade policial no município, Marielle denunciou por meio de suas redes sociais, no último sábado, a atuação violenta do 41º BPM (Batalhão da Polícia Militar) de Acari, responsável por 450 mortes nos últimos cinco anos e o mais letal do Estado.

Recentemente, Marielle assumiu a relatoria da Comissão da Câmara de Vereadores para monitorar a atuação das tropas militares na intervenção federal que ocorre no Rio de Janeiro, a qual era publicamente contrária.

“Quantos mais vão precisar morrer antes que essa guerra acabe?” – ela escreveu, no dia anterior de sua morte. É uma pergunta que estamos ainda longe de descobrir…

Quanto às questões que podem e devem ser respondidas, e fazendo coro às palavras da Anistia Internacional¹, o GADvS e o SEMEAR Diversidade se posicionam pela realização de uma investigação imediata e rigorosa do assassinato da Vereadora. Não podem restar dúvidas a respeito do contexto, motivação e autoria do crime cometido contra Marielle Franco e contra toda a comunidade.

Que sua morte não seja em vão, como sua luta também não foi. Que as lágrimas e o pesar de seus familiares, amigos e companheiros de luta sejam prenúncio da resistência e construção de um novo tempo: em que Marielle não seja silenciada e, sim, aplaudida.

“É preciso não ter medo, é preciso ser maior”².

 

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GADvS – Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero e SEMEAR Diversidade

por Paulo Iotti* e Bruno Ferreira

 

¹https://anistia.org.br/noticias/nota-urgente-justica-para-marielle-franco/
²Quantas noites cortei/ É importante dizer/ Que é preciso amar, é preciso lutar/ E resistir até morrer/ Quanta dor cabe num peito/ Ou numa vida só/ É preciso não ter medo/ É preciso ser maior. Composição de Leandro Roque de Oliveira e Felipe Vassão

*Também Diretor-Jurídico do SEMEAR Diversidade.